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Mostrando postagens de junho, 2018

Destinados a mudar

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A palavra destino possui dois sentidos interessantes: podemos utilizá-la para nomear o lugar onde queremos chegar ou para falar de uma força que está além da nossa. A relação de cada um com a realidade pode se tornar menos sofrida quando não se faz confusão entre esses dois significados.       Foto: Reprodução     Em alemão, Schicksal é traduzido como destino e traz a ideia de sorte, Ziel também é um termo   traduzido como destino, mas corresponde a meta, quando queremos dizer que estamos nos dirigindo a um rumo. Iremos nos apoiar nessa outra língua para demarcar uma diferença fundamental: o que está na realidade, além das nossas forças, e não pode ser encarado com um objetivo de mudança ou um destino como um alvo abastecido por nosso desejo. Podemos dizer que nosso destino é ter nascido em Porto Alegre ou, quando estamos decididos a ir a Porto Alegre, também esse será o nosso destino. No primeiro caso, alguém não é responsável por onde nasce, porém, no segundo, o seu prop

O amor é como um horizonte

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      Os poetas portugueses sempre aproximaram o tema do amor ao da arte da navegação. É impressionante imaginarmos que o horizonte dos descobridores de novas terras era apenas uma linha reta que contemplava uma estabilidade que os inquietava.     Certa vez, a minha ignorância sobre aviões fez com que eu construísse uma metáfora preconceituosa sobre pilotagem de aeronaves. Depositava, nos aparelhos, a responsabilidade das informações e considerei esse ofício cercado de muitos rituais e obediência. Foi, somente quando alguém que ama a arte de voar me sacudiu, me mostrando que não há rotina quando se ama. Recordou o que eu já sabia, mas, resistia como todos amantes da revelação das peculiaridades de minúcias encobertas por nossa tendência humana a construir uma síntese. Um psicanalista é curioso pelo sentido abafado por uma aparente repetição no discurso de alguém, como um piloto, um navegador, ou  um amante do ofício aventureiro de um investigador, cuja qualquer manifestação de est

A maturidade psíquica é como uma semente dentro de um fruto maduro

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         Foto: Reprodução As frutas, a fim de serem consumidas mais pelos humanos do que pelos pássaros, são estudadas em seu amadurecimento para que possam sobreviver longe à natureza de sua concepção. Há um programa genético para o fruto amadurecer, revelador do momento em que ele deixa de ser um protetor de sementes para ser transformado em um sedutor de animais. Esse é o instante mais profundamente pesquisado hoje, com objetivo de que o período onde o fruto está maduro possa ser regulado por relações comerciais. Utilizaremos essa metáfora para refletirmos sobre a maturidade psíquica, aquela que nem sempre anda no mesmo ritmo da maturidade física e pode estar regulada por uma sociedade manipuladora de interesses.          O ideal de consumo hoje parece ser o de ter um corpo jovem,   marcado biologicamente para reproduzir e, portanto, seduzir. O ser humano adquiriu maior longevidade, porém, ainda o seu ideal de amadurecimento continua sendo a juventude, deixando qualquer o