A maturidade psíquica é como uma semente dentro de um fruto maduro
![]() |
Foto: Reprodução |
O ideal de consumo hoje parece ser o de ter um corpo jovem, marcado biologicamente para reproduzir e,
portanto, seduzir. O ser humano adquiriu maior longevidade, porém, ainda o seu
ideal de amadurecimento continua sendo a juventude, deixando qualquer outra
idade vítima do fantasma do apodrecimento.
A maior longevidade nos corpos humanos alcançou uma transformação. Deixamos
de ser apenas sementes dentro de um corpo a ser consumido porque é jovem, para adquirirmos um novo caminho: nos
tornarmos um grão duro. A maturidade
psíquica se constrói com o tempo no interior de um corpo que consegue cuidar
dos filhos, entretanto, ela só se desenvolve com o endurecimento da identidade
diante das frustrações.
![]() |
Foto: Reprodução |
Uma pessoa, ao carregar a maturidade em sua mente, traz
consigo a alegria de viver de uma criança, mas não uma fragilidade infantil. Uma
criança se desespera ao se perceber sozinha, pois, é pequena para dar conta do
que sente. Somente aos poucos, a formação de uma identidade possibilita a
administração da própria vida, sem a necessidade de se defender da realidade
como ela é.
A sociedade de consumo incentiva a um amadurecimento
forçado, como um fruto cujo
amadurecimento é efêmero e que apodrece rapidamente. Nos questionamos sobre o
quanto, após uma juventude forçada,
muitos, influenciados pela busca de uma aparência que visa conquistar uma
autoestima empobrecida, não saibam mais proteger os seus valores, ou seja, as
sementes que trazem em si e que são capazes de transformar-se em grãos de
sabedoria. Nosso psiquismo não envelhece nem apodrece, se for cuidado como um
grão e não como uma fruta.
Simone Engbrecht - psicanalista