O que significa mesmo o prefixo auto na autoestima
Oxigenar o que realmente alimenta a autoestima compreende
desfazer as más interpretações realizadas sobre o sentido de auto. Auto é aquilo que funciona por si
mesmo. Em um automóvel, o motor
necessita de combustível, de condutor, porém, ele é auto por possuir uma engenharia capaz de realizar um movimento por
si mesmo. A autoestima, da mesma forma, pode receber reconhecimento dos outros,
mas necessita de uma engrenagem própria para a estima fluir por si.
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| Foto: Reprodução |
Dizer que alguém precisa gostar de si quando está com
dificuldades em amar, seria como encher o tanque de um carro cuja mecânica precisa
de conserto e acreditar que ele irá se movimentar. A complexidade da estima, do
amor, é que faz com que esse prefixo auto
fique confundido com a voz reflexiva do verbo[i].
Não basta estarmos em uma relação especular conosco para afirmarmos que estamos
construindo nossa autoestima. A autoestima consiste em desconstruirmos a visão
de amor como troca. Não basta receber amor, para possuí-lo e, então, devolver. Ou imaginar que, se o amor for doado,
ele retornará.
O desenvolvimento da capacidade amorosa de alguém, que
consiste na sua autoestima, na alma que tem paixão pelo movimento da vida,
depende da transformação de ambivalências amorosas em possibilidade de entrega.
Dia desses, ao escutar entrevista com Maria Rita Kehl[ii],
ela pontuou algo fundamental: a condição de nascimento não define quem alguém
será, apenas limita. A liberdade não é algo ilimitado, mas não é definida pelo
pelos outros. Isso é maravilhoso quando percebido, essa sutil diferença, pois permite que o amor possa sempre encontrar
terra fértil por não estar determinado pelo destino.
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Simone Engbrecht - psicanalista
[i]
Voz reflexiva do verbo- indica que o sujeito do verbo é tanto agente quanto
paciente. Exemplo: quando alguém se cuida, é tanto aquele que pratica a ação do
cuidado quando quem a recebe.
[ii]
Maria Rita Kehl- psicanalista paulista que recebeu o prêmio Jabuti de
Literatura em 2010 e que desenvolve, em seus escritos, temas como depressão e o feminino na
atualidade.


