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Mostrando postagens de julho, 2019

Entre pedir e dar desculpas

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         Pedimos desculpas a alguém quando queremos marcar que uma atitude nossa não foi movida por uma intenção consciente. Darmos desculpas a nós mesmos implica em retirarmos a responsabilidade por investigar com profundidade qual é mesmo o argumento para uma sensação.          Fonte: Nasa Sigmund Freud iniciou as descobertas sobre psicanálise a partir do que chamou ‘ não acredito mais na minha neurótica’ [i] e abriu espaço para a investigação do que havia além do que alguém considerava ser a fonte de um mal estar. Vivemos hoje em um momento na cultura onde há tanta desconfiança em relação à realidade que é comum que as pessoas se refugiem, com muita pressa, na primeira versão que encontram sobre os motivos de qualquer desconforto. Geralmente, um disfarce que as paralisa.          Hoje a fim de nos situarmos no espaço, obedecemos à indicação do GPS. Estar perdido pode desesperar quando há pressa em ‘se achar’. A fim de que alguém encontre um endereço, há de ter paciência

Afeto Virtual

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O termo virtual vem do latim medieval e seu radical, virtus, está relacionado à virtude. Virtual, enquanto adjetivo, possui como contraponto o real e material. Uma rápida reflexão sobre o tema já nos conduz aos efeitos atuais das descobertas tecnológicas no último século. Existe uma crítica e um apego à materialidade proposta pela sociedade de consumo e, ao mesmo tempo, nessa concretude do consumo, estamos diante de imagens virtuais. Imagem: Blog Glaiso Pereira Gastamos menos tempo na comunicação com alguém distante, na pesquisa sobre algum dado, no registro de uma cena, e, inquietos com a falta do tempo para o encontro, também com a desconfiança do que ouvimos ou vemos. Não é a virtualidade que produz fake news , nem a virtualidade que nos apressou, nem mesmo é ela a responsável pela carência de paciência com as frustrações; mas a destrutividade presente no humano. Sigmund Freud formulou um conceito chamado reação terapêutica negativa para compreender a resistência muda e

Chega de saudade[i]

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         Chega de saudade. É muito interessante que a canção que levou a arte brasileira através da genialidade de João Gilberto contenha essa palavra tão rica. A Bossa Nova trouxe a beleza através da simplicidade da combinação da voz e do violão e a complexidade da poesia cantada. Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho [ii] , amor é fundamental e não fundamentalista quando marca a presença de alguém.          Foto: Reprodução Chega de saudade pode indicar o desejo de estar perto. Nos inspiramos nessa canção a fim de demarcar a diferença entre a melancolia e a saudade. A diferença entre a tristeza e a depressão está no amor que está no alicerce de uma relação e não na justificativa de comportamentos. A saudade é sentida a partir de uma percepção de que falta alguém, por isso é impossível ser feliz sozinho.          Porém, quando alguém sente a necessidade de alguém, ainda não sente a sua falta e nem saudade; sente sim, um desamparo e uma solidão pela aus