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Mostrando postagens de setembro, 2020

Sexualidade e a fantasia de que vivemos

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                             “A única maneira de manter uma fantasia intacta é não vivê-la.” Amós Oz      Freud investigou o que havia nos humanos que ultrapassava o seu comportamento como norma, a sua consciência, e assim formulou o objeto de estudo da Psicanálise; O Inconsciente. Na tentativa de compreensão desse conceito, observamos historicamente a resistência a essa ferida narcísica que revela o quanto desconhecemos o nosso Ser. E, mais forte foi, e ainda é, o repúdio a um outro conceito: a sexualidade.                    Se no início do século XX, não negar que havia uma sexualidade infantil, um prazer  além do sexo genital, transformou-se num desafio, no século XXI, a contribuição dessa descoberta feita pela psicanálise ainda enfrenta uma grande barreira para ao indivíduos: a obediência à massa.        A servidão ao consumo não acontece apenas porque cada pessoa se torna um usuário de produtos concretos, mas para que o ideal de felicidade de cada um seja traçado a partir d

Flexibilidade com a Fragilidade

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 “Igualdade não significa que todas as pessoas sejam iguais. Seria o fim da civilização se todos fôssemos iguais. Igualdade é cada ser humano ter o mesmo direito a ser diferente, cada civilização, cada gênero, cada grupo, cada fé deve ter o direito de ser diferente.” Amós Oz Há muitos provérbios utilizando o bambu como metáfora para elogiar a flexibilidade diante do vento, como a necessidade de desfazer a rigidez diante das mudanças. Nesses tempos sombrios, estamos sendo exigidos a tornar o que não é natural, uma rotina. A higiene e o distanciamento social podem ser mudanças as quais tenhamos que nos adaptar, e até poderão ser incorporadas a hábitos futuros. Porém, associarmos uma doença diretamente à morte pode tornar a ideia de grupo de risco cada vez mais obscura, e a perda de uma pessoa pode se assimilar a um descarte indolor. Foto: Reprodução Na nossa história recente, quando surgiu o HIV, a contaminação e a morte estavam tão fortemente associadas que o pânico produziu o delírio

Independência sem domínio

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  “Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar” José Saramago Nos inspiramos em frases que, quando espelhadas, revelam  a sua versão contrária e oferecem um sentido inovador aos verbos. É o caso da citação de José Saramago: “Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar”. Alguns pontos, hoje revisitados na psicanálise, como Complexo de Édipo, falo, feminilidade e pulsão de morte, apresentam discussões interessantes sobre temas como o poder e o domínio, sobre o gostar e o ter. Foto: Reprodução Exogamia, na biologia, é um termo utilizado para o   cruzamento entre indivíduos pouco relacionados geneticamente. Em psicanálise, a partir do texto Totem e Tabu de 1913, Sigmund Freud formulou a complexa ideia de como se separar de um grupo de iguais,   do clã   ou da família: não relacionar-se incestuosamente, nem violentamente. Saber deixar [i] . O processo de formação do eu implica deixar de ser alguém nomead