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Mostrando postagens de março, 2019

Pensar positivo defende, mas não protege

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         Pensamento positivo parece o mantra do momento. Esse texto foi inspirado em inquietações sobre o que se repete em formato de ideia, tendo como objetivo uma defesa em relação à tristeza, mas que não protege ninguém de uma fragilidade. Quem não acolhe um sentimento de tristeza, não consegue se fortalecer, pois não consegue se desprender do passado. Foto: Reprodução Como escrevemos [i] em outro momento, diferenciar o luto da depressão sustenta a compreensão de que os sentimentos de pesar ligados a perda marcam um período de cicatrização de frustrações causadas pelas mudanças que constroem quem somos.          Historicamente, a melancolia era enaltecida por associar-se a criação de poetas e pensadores que necessitavam dela para criar. Aos poucos, ela foi sendo associada a patologia e hoje, o desprazer é indiferenciado da dor. Muito envelhecem de maneira infantilizada, pois encontram-se frágeis diante de mudanças que fazem parte da vida. A psicanálise abriu espaço par

Humildade para investigar

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          A curiosidade é inimiga da desconfiança. Como o termo  indica, alguém desconfiado busca uma segurança que comprove aquilo que imagina, pois não tem confiança na entrega para uma experiência que desacomode o que acredita que seja sólido. É tênue essa diferença na superfície dos comportamentos, porém a intenção de uma pesquisa faz toda a diferença, quando essa está alicerçada na curiosidade.          Foto: Reprodução Cientistas pesquisam diante daquilo que lhes causa um sentimento muito estudado em psicanálise, das Unheimliche [i] , traduzido por Inquietante, por algo existente entre o familiar e o estranho. Diante de uma angústia, algumas pessoas repetem padrões infantis a partir de um desejo de domínio e outras se entregam ao risco da descoberta daquilo que não possuem ainda como experiência adquirida.          O ciúme é um sentimento que descontrola a destrutividade, pois a sua raiz representa um impulso de dominar o outro. Amar não é ser dono ou proprietário de

Relações desnecessárias

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         O amor está presente somente em relações desnecessárias. Assim, nos inspiramos em Pessoa [i] : “Navegar é preciso, viver não é preciso ”. Onde podemos tomá-la segundo uma precisão da bússola dos navegadores ou conforme o que é necessário. O corpo necessita de muito, mas a vida deseja viver sem dependência e sim, com amor. Foto: Reprodução Nos fundamentos dos estudos psicanalíticos, a fome está diferenciada do amor, alimentando a   concepção de que a complexidade dos desejos vai sendo espandida a partir da ultrapassagem de uma satisfação de uma necessidade. Um bebê necessita de alguém que o ame sem necessitar dele. Ninguém nasce amando, porém constrói a sua capacidade de amar quando percebe que não veio ao mundo porque alguém depende dele, mas para ser um ser livre. Alguém recebe amor quando não se tornou um apêndice, ou alguém com a finalidade de valorizar   outro alguém. Quem alcança o amor   consegue entregar-se sem necessitar do outro, ou seja, quando se identifica

A família e a força das relações

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         Quando escutamos que a concepção de família se modificou na cultura contemporânea em função de uma mudança advinda do reconhecimento de novos enlaces, percebemos que são muitos aqueles que estudam diferentes configurações familiares. A intenção, nesse momento, não é refletir pela via das novas formas de união, porém questionar sobre o que se mantém mesmo que aconteçam separações, sejam elas, estabelecidas por divórcios ou por distâncias concretas entre as pessoas. Uma resposta simples que seria o Amor, porém algumas pessoas temem afastamento, pois se sentem condenados a essa premissa. Foto: Reprodução Uma inquietação pode vir quando a etimologia da palavra ‘família’ nos é apresentada. No século XVI, famulus, do lalim, significava ao grupo de escravos ligados a uma grande personalidade [i] . Com o advento da ideia de propriedade, as famílias passaram a possuir uma conotação de ancestralidade e posse de bens. Seja sob a ótica jurídica, antropológica ou sociológica, o

Contemplar a juventude da alma

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                                     ‘ Don’t let the old man in’ Toby Keith [i]          Não deixe o velho entrar . Frase de Clint Eastwood que também nos inspira a refletir sobre o momento em que podemos perceber a juventude no interior de nossa alma. Também , pois ela tornou-se refrão de uma canção de Toby Keith que pode perceber o momento do nascimento de uma letra e deixou isso registrado. Perceber esses instantes, com pouca duração concreta, fertilizados por um encontro de jovens ageless [ii] , os torna sobreviventes eternos em nossa lembrança.          Foto: Reprodução Quando nascemos não possuímos psiquismo ainda capaz de   perceber o tempo, nem a morte. Não nos lembramos das palavras ditas; a nossa vida inicial fica registrada através de documentos e do que os outros contam de nós, e, principalmente,   daquilo que entrou na nossa alma sem dominarmos o ingresso. Nascemos para a percepção do tempo a cada vez que observamos a juventude nos alimentando, ou seja, quand

A maturidade do amor

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         Foto: Reprodução Há um poema de Drummond que menciona   que o ‘amor o amor é privilégio de maduros’ [i] . Pretendemos refletir sobre o quanto amar faz amadurecer e não o quanto, apenas envelhecer, nos faria  automaticamente amar mais. Um ponto de vista sobre o quanto não são os mais velhos que amam, mas o quanto o amor é que faz alguns amadurecerem, sem somente apodrecerem a sua materialidade. Entregar-se ao outro requer uma prática em obter prazer em viver o presente entregue pela possibilidade em existir. A carência de amor na atualidade não está no que as pessoas recebem da sociedade, mas acontece na falta de exercício de valorização do prazer de amar sem a necessidade em nada receber em troca. Esse tesouro precioso: o mapa que dá acesso a uma vida com sentido e não uma vida que busca um significado. Foto: Reprodução          A morte está na repetição, na impossibilidade de mudança. A vida é geradora de novidades, para as quais algo de mortífero em nós s