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Mostrando postagens de janeiro, 2018

A angústia de um futuro imprevisível

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Estamos vivendo um momento de susto, de angústia e, até mesmo, de banalização do medo diante de tanta incerteza em relação ao futuro da sociedade. A reflexão aqui proposta pretende relacionar a falta de referência em termos de previsibilidade de futuro   ao momento de insegurança mundial. Os humanos possuem uma pulsão denominada em Psicanálise de domínio responsável por nossa atividade diante do mundo. Essa força dentro de nós é responsável pelo prazer de uma conquista de aprendizagem, amorosa ou   da sensação boa quando uma decisão é tomada diante de vários desejos contraditórios contidos em nós. Essa energia, sem prazer de conquista, mas apenas por necessidade de alívio pode se descarregar em forma de crueldade, como acontece   com a necessidade de ganância seduzida pelo poder econômico que parece ter uma força destrutiva indescritível. Foto; Reprodução Quando as visões de mundo pareciam mais constantes, o futuro parecia mais previsível. Há uns anos atrás, bastava apenas c

Homenagem a Zygmunt Bauman

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                 “Há dois fatores indispensáveis a uma vida satisfatória e relativamente feliz. Um é segurança e o outro é liberdade. Você não consegue ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é escravidão; liberdade sem segurança é caos.” Zygmunt Bauman                Segurança e liberdade: talvez esses dois fatores sejam aparentemente os mais contraditórios, porém os mais complementares alicerces na vida. Como psicanalista, considerarei o que Sigmund Freud apontou como as três fontes para o nosso sofrimento: o poder da natureza, a fragilidade do corpo e as nossas relações. A segurança e a liberdade quando ameaçadas ou rompidas quando a natureza, o corpo ou os nossos vínculos foram agredidos em sua delicadeza. Foto: Reprodução A liberdade envolve uma escolha. Alguns desejos podem estar fora de uma possibilidade de realização. Os limites demarcam o território de nossas posses, onde são as nossas ações que podem efetivar o que almejamos.  F

As Crianças Acreditam Na Vida

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“O homem chega à maturidade quando encara a vida com a mesma seriedade que uma criança encara uma brincadeira. ” Friedrich Nietzsche As palavras das crianças emocionam os adultos de diversas maneiras. Tocam e chocam de verdade quando cutucam a criança que habita um coração que já pode estar mais duro com o tempo. Não é saudade de quem éramos que amolece as artérias, mas o encontro com nosso jeito de levar a vida mais leve e com mais entrega. Foto: Reprodução Os familiares se emocionam quando uma criança pronuncia pela primeira vez um chamado que representa um nome, chama a mãe, o pai, nomeia apelidos ou usa formas peculiares para aqueles que estão mais próximos. As primeiras palavras ingressam como música aos ouvidos de quem se sente em um novo lugar: o de um amante sendo reconhecido. As crianças seguem encantando na vida pela pureza existente na novidade da vida, sendo elas de qualquer idade, estando, até mesmo, com 90 anos. O humor alivia o desamparo: essa é afi

A Madrasta Da Branca De Neve Foi Naturalizada Como Alguém Que Envelhece

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A vaidade, apontada como um defeito de alguns personagens em contos infantis, parece ter sido não apenas libertada de uma condenação, mas recebido um status de qualidade de boa autoestima, com a justificativa de que os tempos mudaram e satisfazer-se através do reconhecimento é o que todos almejam. Utilizaremos, nesse texto, a metáfora da Madrasta da Branca de Neve a fim de abrirmos um questionamento sobre a inveja e a ferida na vaidade provocada pelo envelhecimento, quando esse não vem acompanhado de amadurecimento. Envelhecer é só uma questão de tempo de vida; amadurecer, porém,  depende  de uma regulação da vaidade realizada pelo amor próprio. Alguém vaidoso não possui uma boa relação consigo, de maneira diversa, esse alguém apenas procura estabelecer a única relação que consegue: com o olhar dos outros. Pessoas com boa autoestima não são vaidosas, elas atraem os olhares pela sabedoria de sua modéstia. Foto: Reprodução A sociedade, a fim de estimular o consumo, fomenta q