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Mostrando postagens de março, 2018

Ando devagar

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“Ando devagar, porque já tive pressa. E levo esse sorriso, porque já chorei demais.”  Almir Sater              Uma senhora, que utilizava o caixa de um estabelecimento comercial, explicava para o funcionário como ela fazia para que o feijão fosse feito de tal maneira a não provocar flatulência. Algumas pessoas que aguardavam na fila começaram a reclamar da demora e a senhora respondia que havia chegado a sua vez. Foto: Reprodução Essa cena cotidiana é marcada por dois personagens que se acusavam mutuamente de egoísmo: quem esperava não respeitou o momento da senhora conversar com o atendente e ela, por outro lado, não se preocupou com o tempo de espera de quem estava atrás dela. Essa parece agora a pressa que faz chorar e sofrer, a falta de respeito em relação ao outro. A pressa por chegar a sua vez na vida, como se para a chegada da felicidade, todos estivessem em uma fila única. Mesmo que o conselho mais ouvido na atualidade seja que não devemos ter pressa. Ainda assim

Aprender com obediência e descobrir com curiosidade

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    Foto: Reprodução  A aprendizagem pode acontecer por curiosidade ou por obediência. Assimilar ou memorizar qualquer coisa para ser mais reconhecido ou para aplacar o medo de errar é muito diferente de adquirir conhecimento sem uma finalidade imediata e impulsionado   por uma   curiosidade banal. Qualquer detalhe pode chamar atenção de uma criança que está descobrindo o mundo. No crescimento, infelizmente, muitos perdem esse ímpeto de desvelar mistérios, pois domesticam a sua sede pesquisadora focando a sua existência em informações úteis, contentando-se com a sobrevivência e aprendendo apenas o que outros o fizeram antes.          Aqueles que seguem curiosos e famintos por interrogações são geralmente os que não desistiram de se lançar na vida viva, são detetives investigadores que não desprezam nenhuma percepção.     Esses são os que não sucumbiram à resultante de uma grande desilusão e conseguem preservar a humildade de novas investidas no universo das diferenças. Foto:

Sala de espera

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          A indústria do entretenimento se desenvolveu alicerçada no conceito de que o prazer acontece na distração.   Distraídos do quê? Talvez da angústia de não estar vivendo. De maneira genial, a banda Titãs possui uma canção chamada Epitáfio, cujo refrão é o acaso vai   me proteger enquanto eu andar distraído .   O prazer de viver escreve a história no presente, já a distração escreve na lápide o que poderia ter sido vivido. Quando a vida se torna um ensaio para o momento seguinte, devemos lembrar que ele é a morte. Cabe refletirmos, então, se estamos experimentando a morte ou vivenciando a vida. Foto: Reprodução Salas de espera são projetadas para tornar confortável um momento que antecede uma consulta de saúde ou uma resposta a respeito de uma cirurgia de alguém querido. Hoje, até mesmo, os bancos e as oficinas de carros, construíram espaços semelhantes para que a angústia dos clientes diante do que não é imediato possa ser suportada.   Como esses ambientes contemplam o

A autonomia é ética

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           As escolhas complicadas são aquelas onde o posicionamento diante da vida e a visão de mundo ficam revelados através de atos singulares. Responder de maneira correta quanto é dois mais dois não diz nada sobre a personalidade de alguém, ou sobre a sua identidade. De outra forma, as decisões sobre um casamento, uma separação, um empreendimento profissional encontram muitas encruzilhadas sem   caminhos definidos por certezas,   pois não tratam de crimes, mas de opções individuais. Foto: Reprodução Em um milênio onde a palavra globalização é utilizada, estranhamente e felizmente, o normal não é mais o comum. Como efeito colateral dessa liberdade possível e expressa pelo não determinismo antes imposto, muitas pessoas sofrem nos momentos de decisão, por se sentirem em dívida com o passado. Alguns fogem da autonomia, por confundirem a responsabilidade por suas ações com acusações provocadas pelas frustrações. Bastava, há duas gerações atrás, que fosse simplesmente formulad

Gestar ideais e não propriedades

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            Há uma grande entre ser ter filhos e ser mãe ou   pai. Algumas pessoas, a fim de marcar essa diferença, afirmam que a mãe cria e não necessariamente é quem acolhe um bebê em seu ventre por nove meses. E, pais são aqueles que, através de um exame de DNA, são reconhecidos em paternidade, ou são aqueles que assumem o cuidado de alguém? Cabe repensarmos sobre o   que consiste a maternidade e a paternidade em tempos aonde o desenvolvimento genético e tecnológico permitiram outras formas de reprodução prescindindo de uma relação sexual e aonde   apenas um exame de laboratório atesta quem é o pai de uma pessoa.           Foto: Reprodução    Talvez não haja mais dúvidas de que o corpo e as questões concretas não são aquelas   que definem as funções paternas e maternas na atualidade, porém é importante avançarmos nesse tema com maior cuidado. Quem cria e cuida de um bebê ou uma criança é declarado pai ou mãe; acrescentamos que,   com   o avanço da longevidade, há um período