Aprender com obediência e descobrir com curiosidade
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Aqueles que seguem curiosos e famintos por interrogações são
geralmente os que não desistiram de se lançar na vida viva, são detetives investigadores
que não desprezam nenhuma percepção. Esses são os que não sucumbiram à resultante de
uma grande desilusão e conseguem preservar a humildade de novas investidas no
universo das diferenças.
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Hoje, a
mídia e a cultura infelizmente incentivam a crença de que qualquer um pode
realizar todas as suas vontades sem perder nada. Isso com o intuito de
incentivar o consumo e a aprendizagem vigiada. Perder a juventude, perder o
lugar de filho realizador de ideais paternos, perder o lugar de aluno
reconhecido pela aprendizagem obediente, perder um lugar reconhecido no passado,
perdas que desacomodam ou deprimem.
Algumas
pessoas não fazem de suas relações familiares a sua rotina, pois cultivam a
admiração pelo desenvolvimento do
parceiro ou dos filhos. Pessoas que estão em constante processo de
amadurecimento são atentas a detalhes de mudança e tem prazer com elas. Alguns
pais não sentem, como uma perda doída, cada movimento de independização dos
filhos, pois o seu lugar investido não era o de protetores sábios por
ensinar, mas o de amantes da curiosidade por aprender.
A curiosidade é o motor do amor profundo. Relações rasas são
as que possuem pouca aderência[i],
ou seja, quando perdidas, jogam a pessoa num grande vazio. Elas são alicerçadas
na necessidade da aparência de companhia ou de ocupação a fim de aplacar a
angústia de sustentar-se só. O fermento do interesse incessante é estar
direcionado para o que está adiante do que acalma com a informação superficial.
O que dá prazer ao sair da zona de conforto é a
inquietude despertada pelo desejo de navegar pelas águas que não mostram
o fundo. Essas águas fazem com que navegadores cheguem a terras desconhecidas e
sintam o sabor da novidade em qualquer momento da sua existência.
Simone Engbrecht - psicanalista
[i] Aderência-
esse termo é usado em psicanálise para referi-se aos investimentos onde após
uma perda, conseguem realizar luto e recuperar uma ligação externa. Já após uma
perda em relações com pouca aderência, pode acontecer a melancolia.