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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Inspirados em Amós Oz

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Uma homenagem ao escritor extraordinário Amós Oz, que  não silenciou hoje, pois deixou palavras  em escritos e em ecos de discursos proferidos que seguirão nos inspirando a pensar e criar novos caminhos. A partir de algumas, pretendemos não calar. Escreveu o seguinte trecho em The Same Sea [i] : “ Passadas duas semanas, no quarto dela, lá em cima, na água-furtada, entre uma pancada de chuva e a outra pancada de chuva, ele lhe pediu a mão. Não disse: seja minha esposa. Mas pediu assim: se você se casar comigo, eu também me caso com você.” Amós Oz - imagem Blog Literalmente Ele dizia [ii] que não escrevia, em seus livros, mensagens políticas diretas, isso deixava para os artigos. Nos livros, deixaria mensagens mais amplas que conselhos ou propostas. Ele marcou o lugar necessário da alteridade, colocar-se no lugar do outro. Um espaço diverso de uma superfície concreta: aquele que produz uma observação sobre o mundo pela perspectiva do outro, sem necessitar justificar ou concorda

As mudanças acontecem por amor e não por dor

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        Na vida cotidiana, muitos acreditam que a dor faz com que as pessoas mudem. Como ouvimos: a dor ensina a gemer. Pode ser, mas gritar de dor pode não adiantar nada, quando as mudanças necessitam acontecer dentro de cada um. Em psicanálise, os estudos sobre as mudanças foram mostrando que não é a dor que modifica alguém, mas o amor.       Foto: Reprodução     Sigmund Freud também acreditava, no início do seu trabalho [i] , que as causas para o sofrimento psíquico pudessem ser concretas e que o fato de sofrer conduziria as pessoas a tratamento. Após a Primeira Guerra, diante dos efeitos destrutivos da mesma, compreendeu um outro tipo de resistência à mudança: a mais intensa, relacionada a pulsão de morte [ii] . Essa descoberta abriu espaço para uma visão mais complexa sobre o tema do masoquismo, e trouxe um maior alicerce ao trabalho que ele já havia iniciado através do tema do amor de transferência [iii] .          Nos últimos dez anos de sua vida, Freud dedicou-se a e

Festas em Família

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Escrevemos, num outro texto, sobre a diferença entre co memorar e festejar, entre uma lembrança com emoção e uma euforia que foge da tristeza. Nesse momento, pretendemos refletir sobre o sentimento inconsciente de culpa, muito frequente, em momentos de reflexão. No final de ano, é comum que estejamos mais introspectivos, pois uma virada significativa no calendário modifica um cenário concreto. Alguns, não raros, possuem dificuldade com qualquer mudança no tempo e, ao invés de organizarem um recolhimento, necessitam de uma alegria artificial ou de uma capa de arrogância em relação aos riscos da vida.  Foto; Reprodução Nos anos 70, ou mesmo antes, chamavam ‘cadeirinha de pensar’, um lugar próprio para que alguém se arrependesse de atitudes que tivessem causado algum mal. O pensamento e a reflexão, em nossa cultura, muitas vezes, estiveram associados a condenação proveniente de um julgamento. Infelizmente, pois pensar e refletir não significam condenar ou buscar culpados, o pens

Reflexões e Projetos

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Lembrar e planejar: dois movimentos muito praticados em dezembro. Quando, em algum momento qualquer, a passagem do tempo sacode uma pessoa, ela passa a refletir sobre o passado e pode construir projetos para o futuro. Ou, infelizmente, essa observação pode fazer com que alguém pare a vida em algum ponto idealizado, no passado vivido ou num futuro que acredita encontrar, e siga apenas em sobrevida.   Imagem: site Diário do Turismo O tempo e o espelho parecem amigos. A capacidade reflexiva, como o nome já diz, conduz o humano à possibilidade de observar o passado através do reflexo do presente. Olhamos para frente no espelho, mas nele nosso reflexo nos observa na direção inversa. Quando planejamos o futuro, projetamos, isso é atiramos à distância, lançamos para fora algum desejo. O futuro é um lugar virtual no espaço. O futuro é visto como um espaço fora de nossa existência. Tanto um   reflexo como um projeto   iluminam um lado, e escurecem o outro. O reflexo escurece o que há a

Envelhecer e a virada do ano

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         Atualmente, tudo é passível de grenalização [i] , qualquer ideia passou a fazer parte, na nossa cultura,   de uma disputa apaixonada como a de quem torce por um time. Alguns odeiam o inverno, outros se queixam do verão. Uns se dizem diurnos, outros são portadores de entusiasmo para estar acordados a noite inteira. Isso não poderia ser diferente em relação às festas de final de ano: alguns afirmam amar a época natalina e outros atribuem o seu mau humor ou a sua tristeza ao mês de dezembro.  Foto: Reprodução          A passagem do tempo transforma-se num tema polêmico quando até envelhecer pode ser chamado de ‘a melhor idade’ ou de ‘a idade da dor’. Refletindo sobre o último mês do ano, nos questionamos sobre o que faz com que todos corram tanto nesse momento, se deprimam ou se calem com tanta comida ou bebida.          Mudanças não acontecem sem resistência a elas. Isso porque sempre se gasta energia para efetivá-las. É somente para uma repetição mortífera que não é