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Mostrando postagens de maio, 2018

Empreender: determinação ou teimosia

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          Determinação ou teimosia: esse é um dilema importante em momentos de decisão ou quando nos observamos sem a perspectiva de  uma desistência. Consideramos essa diferença uma estrutura importante para refletirmos sobre a nossa persistência para seguirmos com um projeto empreendedor. O medo do risco pode ser confundido com o medo de perder algo que já está perdido. A ilusão de estabilidade, a fim de manter uma negação do que já está falido, alimenta, muitas vezes, uma teimosia baseada na vaidade conquistada com um engano. Ao empreender, a falência do passado deve estar no presente a fim de doar espaço à humildade diante do futuro, não sendo mais esse último medido pela duração do tempo, mas pela grandeza da vitalidade dos desejos. Burro  personagem fictício da série de filmes Shrek Quem mantém um sofrimento por medo é teimoso, não por assim ter decidido, mas pela impossibilidade de cultivar em si sonhos inovadores. Mulas e burros são animais estéreis, talvez por esse mo

Metade de uma laranja madura

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Existem formas diferentes de transformar o amor em verbo.  Orientar um jovem, cozinhar com os amigos, dar limite aos filhos, cuidar de um idoso: essas são ações que promovem a entrega do que cada um tem de melhor,  o seu tempo recheado com muita paciência e respeito.  O amor de um casal definido como encontrar a metade de uma laranja, algumas vezes, já foi uma metáfora criticada, pois, para que o amor aconteça em parceria, ele necessita de pessoas inteiras. Refletiremos aqui, porém, sobre a busca da metade da laranja a partir da diferença entre ser inteiro e completo.          Foto: Reprodução Se estivermos buscando a metade de uma fruta para conseguirmos completá-la, lembremos sempre de que,   uma vez que ela tenha sido cortada, não será mais possível colar as metades, o passado não retorna. Sob o ponto de vista das   crianças, o amor é o sentimento de segurança e de alegria presente no interior de laranjas fechadas, ou seja, para elas o universo corresponde   aquilo que ela

Filhos a gente cria pro mundo

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Filhos a gente cria para o mundo: frase clichê dita pelos pais ao perceberem que os filhos estão crescendo. Pontuamos, porém, que mais do que pertencer ao mundo, cada um deve pertencer a si mesmo. Esse talvez seja o ponto mais complexo em ser pai ou mãe, a compreensão de que pertencer a si significa, ao mesmo tempo, ter responsabilidade e aceitar a sua impotência diante do mundo. Algo que somente os seres adultos maduros alcançam.         Foto: Reprodução   Saber amar é saber deixar alguém te amar é um trecho da música de Herbert Vianna [i] , onde destacamos aqui a expressão saber deixar [ii] , cujo sentido é muito mais amplo do que deixar partir ou separar-se. Saber deixar corresponde à possibilidade de acompanhar-se de verdade de alguém como realmente é. Dizermos apenas que aceitamos alguém pode ainda conter uma raiz inconsciente de que escolhemos, pois se aceita algo somente após uma pergunta: você aceita Beltrano ou Ciclana como...? Quando amamos, apenas sabemos deixa

O Eu: uma pele protetora da identidade

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          A nossa identidade está protegida pelos valores com os quais   escolhemos ser coerentes. Já o nosso eu funciona como uma pele [i] . Esse órgão, o maior do corpo humano, reage a algumas mudanças ambientais, mas, por ser ele protetor, realiza tudo a fim de preservar o que está no interior do que envolve. Em nosso psiquismo, ocorre o mesmo: o nosso eu pensa, reflete e clarifica ideias, para que não sejamos apenas um reflexo de como são ou como agem os outros. Somos bem mais complexos que as amebas, pois possuímos uma identidade.  Foto: Reprodução Quando imaturos, ainda sem pele, as ações são reflexas e buscam uma ajuda alheia, reagimos aos desprazeres, chorando ou esperneando, para que alguém atenda aos   nossos desejos e alivie qualquer tensão. Quando crescidos, cai a ficha de que não adianta mais atribuirmos ao mundo o motivo dos nossos desprazeres. Não é raro essa ficha parar no caminho e não descer.   O cordão umbilical cortado só ocorre quando a pessoa adulta não