Destinados a mudar
A
palavra destino possui dois sentidos
interessantes: podemos utilizá-la para nomear o lugar onde queremos chegar ou
para falar de uma força que está além da nossa. A relação de cada um com a
realidade pode se tornar menos sofrida quando não se faz confusão entre esses
dois significados.
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| Foto: Reprodução |
Não é nada simples situarmos o limite entre o que é possível
mudar e quando precisamos nos deixar levar pelo que está além das nossas
forças. Desistir ou insistir: um dilema complexo que vai se tornando simples à
medida que a vida nos ensina sobre a nossa essência. Ela vai revelando que o
nosso destino é um ponto de partida e não o nosso fim. Nascer em Porto Alegre é
apenas um ponto de partida quando não encaramos o momento presente como algo
sem condição de mudança.
O passado não condena ninguém que não seja criminoso e
ninguém quer ser uma eterna vítima do que já foi um fato. A liberdade de cada pessoa
está, portanto, na possibilidade de
virar a página e colocar um ponto final
naquilo que não consegue mudar a fim de alicerçar novos projetos.
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| Foto: Reprodução |
Tanto para aceitarmos o nosso destino na primeira acepção
aqui exposta, quanto para transformá-lo, devemos sempre observar a nossa
relação com nossos botões. A psicanálise é procurada para que eles (os
botõenzinhos) sejam escutados melhor a fim de provocarem uma conduta marcada
por valores próprios e não como uma reação reflexa a um ambiente. Descobrir os
nossos desejos em cada atitude tomada é bem importante para não nos enganarmos
a depositar as razões para a mesma nos outros.
Há uma diferença significativa entre considerarmos as
atitudes de uma pessoa e percebermos o que pensamos diante do seu comportamento.
Alguém comete um crime passional, por exemplo, não é porque foi traído, mas porque
não conseguiu pensar sobre o que sentiu e processar a impotência a mudar o
acontecimento e o que faria diante dele. Não são os fatos e nem as sensações
que precisam nos mover, eles representam apenas o que não é de nossa
responsabilidade. De outra forma, o que pensamos sobre os nossos sonhos é que
pode transformar com veemência o nosso destino: uma travessia.
Simone
Engbrecht - psicanalista

