Coragem para ter esperança

                              
                                “Que suas escolhas reflitam suas esperanças, não seus medos”  Nelson Mandela
            Para manter a esperança é preciso coragem. Algumas pessoas invertem a ordem dessa locução, acreditando que a coragem nasce da esperança. Mas o medo não se dissipa, não adianta apenas esperar para que ele vá embora. É preciso enfrentar, pois alguém corajoso não é destemido. O medo é um sentimento natural e protetor na vida, porém quando ele encontra poder na angústia e no pânico de viver a vida como ela se apresenta, ele domina qualquer atitude.
         
Cena do filme Perfume de Mulher
Mário Sergio Cortella[i] diferencia, valorizando a herança como pedagogo, esperança do verbo esperar de esperança de esperançar. Esperança enquanto espera é somente ficar no aguardo, quieto. Esperança do verbo esperançar significa não desistir, insistir. Ele cita Albert Scweitzer[ii]: “ A tragédia não é quando um homem morre. A tragédia é o que morre dentro de um homem quando ele ainda está vivo.” Inspirados nessa ideia, seguimos aqui com algumas associações. O que há dentro de alguém segue vivo por esperança, por insistência no desejo de viver.
         Em Psicanálise, após a I Guerra, em 1920, Freud vivenciando o caos, criou os conceitos de pulsão de vida e de morte, marcando como, na relação entre Eros e uma compulsão a voltar a um estado anterior de coisas, está a nossa possibilidade em insistir pela vida. Mostrou como o tema da origem do amor pode ser muito mais enigmático do que a origem da vida. As pessoas desejam ser amadas e ajudadas para conseguirem amar. Sabemos até mesmo pelos poetas que um jardim que não foi cuidado não atrai borboletas. Freud apresentou o grande valor dos vínculos como uma possibilidade de enfrentarmos guerras internas e externas.
Foto: Reprodução
         Cultivar as nossas esperanças na vida enquanto nossa obra singular faz com que nosso jardim floresça e com que o medo fique em segundo plano. A coragem nasce no solo da reflexão sobre qual é a  nossa missão de existência, ou seja, ao nos questionarmos sobre o que nos movimenta segundo Eros, deus do Amor. Essa não é empreitada simples.
Simone Engbrecht - psicanalista




[i] Mário Sérgio Cortella- filósofo, escritor e educador brasileiro.

[ii] Albert Schweitzer-filósofo e médico alemão.

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