Inocentes e injustiçados
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| Foto: Reprodução |
Por outro lado, ou no mesmo, a presunção de inocência no Direito se apresenta falhada em sua efetividade. Atualmente, pessoas precisam provar a sua inocência e não a sua culpa. Responsabilidade e liberdade tem sido conceitos esvaziados através de um modo de expressão do narcisismo cultivado no interior dos grupos: o narcisismo das pequenas diferenças, aflorado por um ressentimento aflorado. Feridas narcísicas abafadas inflamam.
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Talvez o ressentimento tenha sido reforçado pela decepção causada pelo sofrimento daqueles que se transformaram em consumidores de vida. Penso, logo existo; sinto, logo existo; consumo, logo existo. Em uma ocasião[i], refletimos sobre o amor não ser preciso, sem ter precisão como resultado de um instrumento de medida, brincando com a frase de Fernando Pessoa e observando a complexidade presente no amor e em seu amadurecimento. Julgar os crimes e não a nossa existência não é tarefa simples e ainda impossibilitada quando ocorre o cultivo do individualismo do mérito. Criminosos são culpados pela destrutividade causada. Porém, é direito de todos serem percebidos a priori como inocentes, e viver como seres que não comercializam a sua alma.
[i] ENGBRECHT, Simone. O amor não é surdo: reflexões sobre o amor. São Leopoldo: Sinodal. 2008, 116p.

