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Envelhecer é um Privilégio

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  Algumas ideias sobre o privilégio de envelhecer podem inibir o prazer alcançado pelo tempo transformador das velhas formas do viver [i] . Quando a maturidade é considerada um prêmio de consolação pela decadência do corpo, envelhecer pode representar um tempo de ressentimento. Não há como insistir em negociar com o tempo. Não suportamos limites ou perdas acreditando que seremos recompensados por isso. A maturidade envolve furar a bolha de   comércio e competição que nos infantiliza. Foto: Reprodução Envelhecer é um privilégio alcançado pelos corpos que não morreram, porém, as vidas que buscam mais do que a sobrevivência precisam transformar as velhas formas de viver.   Amor é privilégio de maduros , conforme Drummond [ii] . Amamos em qualquer idade, por que seria então um privilégio somente dos maduros? A proposta desse texto é apresentar brevemente uma hipótese sobre a mudança em nossa forma de amar ao longo da vida [iii] e que é capaz de soltar as amarras do ressent...

A Adolescência da Humanidade

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Sentimos que o mundo está de cabeça para baixo quando nos decepcionamos com a humanidade. Por mais estranho que possa ser, são também as decepções que criam a possibilidade de nos tornarmos mais humanos. O amadurecimento dos humanos não acontece como o de uma fruta madura, que alcança o seu sabor doce por causa do calor ou simplesmente pela passagem do tempo. Podemos nos tornar doces ou amargos, amadurecidos à força ou eternamente infantis. O que produz o nosso amadurecimento é bem complexo. A passagem para a vida adulta traz, em nossa sociedade, um período especial de separação de pais e filhos, de criadores e criaturas, onde somente alguns tem a oportunidade de florescer. A série Adolescência [i] inquieta pela sensibilidade sobre como a pressa em nos ocuparmos em como somos representados por imagens pode destruir a vida humana.       Curiosidades Cartográficas  Foto: Reprodução     O   amor que nutre o nosso orgulho, a nossa vaida...

Ao Cair a Ficha, Escolhemos

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         Por que o conhecimento de que alguma situação dolorosa não basta para nos protegermos dela? Essa pergunta acompanha a Psicanálise desde o seu início. Sigmund Freud [i] formulou o conceito de Inconsciente, ampliando a percepção da   complexidade psíquica. Ele   evidenciou a diferença   entre o recheio de uma vivência das   palavras que são ouvidas teoricamente [ii] . Sugestões não alcançam mais a importância que tinham antes da psicanálise, pois se tornou claro que uma pessoa   somente modifica a sua atitude,   quando de fato o seu pensamento, ligado a sua essência,   fizer   um sentido muito maior do que a sua vontade imediata. Foto: Reprodução          No cotidiano, é comum percebermos o verbo ‘aceitar’ associado às fragilidades humanas: aceitarmos a morte de um ente querido, aceitarmos uma doença grave, aceitarmos um término de   relacionamento. No...

A Finitude o o Envelhecimento

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                    Quem já não ouviu o seu desejo ou o   de alguém expresso pela vontade de possuir a ‘cabeça de hoje com o corpo de ontem’. Um ponto de vista constituído pela memória da experiência participando da possibilidade de sensações de um corpo com os olhos e os ouvidos em pleno funcionamento. Seria como adquirirmos a possibilidade de um sommelier , tendo conhecimento em enologia [i] . O tempo pode deixar a visão e a audição menos aguçada, a caminhada mais vagarosa, porém , se a experiência for considerada, o olhar adquire a   percepção de sutilezas, a escuta consegue reconhecer o tom de voz diferente de alguém preocupado e a demora dos passos alcançam a atenção ao caminho. Importante salientar que o nosso ‘porém’ aqui não tem a intenção de ser compensatório ou consolador.          Foto: Reprodução      Por que mesmo a juventude está em nosso tempo co...

O Antigo na Inovação

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       Iniciamos esse texto refletindo sobre um elemento que traz um sentimento infamiliar [i] em algumas pessoas e uma indiferença em tantas outras: a IA ou AI, siglas para Inteligência Artificial ou para Artificial Intelligence . O que mesmo acontece diante da IA? Será que aqueles que se assustam com a IA são resistentes ao novo, são pessimistas, colocam freios ou empecilhos a um desenvolvimento tecnológico?          Foto: Reprodução Essas questões nos remetem a algo que Sigmund Freud [ii] sublinhou em sua observação:   o psicanalista geralmente se interessa por uma questão específica da estética [iii] : o núcleo de algo angustiante que o torna inquietante. Ele pesquisou sobre esse tema em descobertas anteriores e utilizou um ensaio escrito por Ernst Jentsch [iv] , que diferenciou o novo do inovador. Nem sempre algo novo inova. O inovador é associado ao assustador, mas nem tudo o que é novo assusta.   Retomemos...